Cosmovisão e Daltonismo

O mundo é formado por perspectivas. No fim, ele é diferente do que enxergamos, mas cada um de nós cria para si um mundo particular, inspirado na realidade, porém distinto, às vezes levemente, às vezes grandemente.

Poucos sabem, mas sou daltônico. Embora não tenha um diagnóstico aprofundado, tenho dificuldade em distinguir certos tons: verde e amarelo; azul e roxo; vermelho e verde. Isso faz com que eu veja a realidade de forma diferente da maioria. Não é algo que me afete tanto no dia a dia, mas, de vez em quando, surgem perguntas como: “Que cor é o céu?” ou “Qual a cor daquela folha?” Eu me divirto com esses testes.

Mas, quem está certo? Eu, junto com cerca de 10% das pessoas no mundo que têm daltonismo, ou os outros 90% que veem as cores de outra forma? Qual é a verdadeira cor do céu? Azul como eu vejo ou azul como você vê? Eu não saberia descrever exatamente o que é “azul”.

A verdade e o tênis colorido: Qual a sua verdadeira cor?

Lembram-se daquele tênis que movimentou as redes há alguns anos? Qual é a sua cor? Para mim é cinza e verde, mas você poderá garantir que é rosa e branco. O fato é que o tênis tem uma cor, independentemente do que eu ou você possamos afirmar; ele continuará sendo o que é.

Cada um tem uma visão do mundo, tanto do físico quanto do metafísico. Há uma palavra alemã que define bem isso: Weltanschauung, que chamamos em português de cosmovisão. É a lente com a qual enxergo o mundo, moldada pelos meus conhecimentos, crenças, valores e filosofias. Por isso, o meu mundo parece tão diferente do seu. Por isso reagimos de maneiras tão distintas diante de mudanças políticas, vitórias ou tragédias.

Ainda assim, embora vejamos o mundo de formas diferentes, ele permanece real e distinto daquilo que eu vejo ou que você vê. Um de nós pode estar mais próximo da verdade, mas será que algum de nós a alcançará com exatidão? O ponto é que não são nossos olhos que moldam a verdade; ela simplesmente é.

Isso me faz refletir sobre a verdade. Ela existe? Com certeza. Mas, o que ela é? Eu a conheço? Podemos encará-la face a face e, ainda assim, com a lente errada, ver apenas um borrão do que ela realmente é.

O céu não deixa de ser azul, mesmo que eu o veja roxo. E não se torna menos roxo aos meus olhos só porque o chamo de azul.

Você é relativo, mas a verdade não! Você a conhece?

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Victor Freitas

Rabiscando papéis desde os nove anos vejo na escrita a forma de conversar comigo mesmo, e através dela convido o mundo para participar desse diálogo. 

Reflexivo e poético, me pego explorando o mundo através de suas metáforas. Romantizando as emoções e os desafios que enfrento todos os dias. Um retrato parecido com os roteiros vividos por cada um de vocês.

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